Os
servidores do IBAMA e ICMBio lotados no Estado do Rio de Janeiro,
após ampla discussão realizada em assembleia geral extraordinária
de 2.8.2017, vêm a público manifestar indignação e preocupação
com os rumos tomados pelo movimento trabalhista e a representação
nacional dos servidores da área ambiental federal.
Vivemos
um contexto político extremamente desfavorável. Após o golpe
parlamentar ocorrido no início de 2016 foi instaurado um governo
ilegítimo que vem sistematicamente atacando os direitos dos
trabalhadores e da população em geral. Mesmo sob denúncias
gravíssimas de corrupção e favorecimento de setores produtivos, o
Congresso Nacional e o Executivo Federal, sob a chancela
do Judiciário, estão promovendo reformas que alteram profundamente
os direitos dos trabalhadores e afetam as políticas públicas
voltadas para os setores socais mais vulneráveis. Reformas como a
trabalhista, a previdenciária e a lei da terceirização promoverão
ainda mais precarização das relações de trabalho, enquanto
propostas como a PEC dos Teto dos Gastos e a Reforma Política,
continuam mantendo os privilégios de controle econômico pela classe
política e empresarial do país, concentrando cada vez mais as
decisões e aprofundando a crise do sistema representativo.
Nesse
contexto, a luta dos trabalhadores se torna imprescindível. No
entanto, experimentamos uma crise de legitimidade também das
entidades de representação dos trabalhadores, principalmente
sindicatos e centrais sindicais. Após a realização da greve geral
de 28 de abril, com ampla adesão dos trabalhadores, as centrais
sindicais promoveram um recuo na luta e apostaram nas negociações
de gabinete. Postergou-se por quase um mês a organização de uma
marcha a Brasília, que mais uma vez contou com forte adesão dos
trabalhadores. As bases clamavam por uma nova greve geral que se
mostrou urgente após as denúncias de corrupção contra Michel
Temer. No entanto, a maioria das centrais sindicais, contrariando
suas bases e burocratizando a luta, deram mais um passo atrás,
adiando a convocação de uma nova greve geral. Após
pressão dos trabalhadores pela
definição de uma nova
data, as centrais cederam, porém não se empenharam na
organização necessária e desmobilizaram setores estratégicos, o
que gerou uma greve esvaziada. Essa baixa mobilização foi utilizada
politicamente pelos parlamentares como exemplo de arrefecimento da
luta dos trabalhadores, reforçando a falsa legitimidade do congresso
para aprovação da Reforma Trabalhista. Esses exemplos demonstram a
problemática de uma representação sindical afastada de suas bases
e imersas na burocracia das diretorias e dos gabinetes.
Nos
voltando para nossa casa, a gravidade dos fatos levantados pelaAscema Nacional referentes ao processo eleitoral de delegados pela
Asibama-DF, reflete não só o desprezo pelas normas regimentais do
estatuto da Ascema Nacional, como representa por si próprio um ato
contundente de divisão na base dos servidores, pelas previsíveis
consequências resultantes e pela desigualdade de oportunidades de
participação e representação nos fóruns da categoria. Se somos
marcados pela descentralização das unidades e pela riqueza de
experiências que advém desta descentralização, a estratégia
utilizada pela Asibama-DF promove uma visão míope da diversidade de
opiniões e torna o movimento capenga, esvaziado, inócuo, que
pretende resolver os problemas do sistema sentando nos gabinetes do
mesmo sistema que oprime e esmaga os direitos dos trabalhadores.
A
organização de associações sob pilares eticamente questionáveis,
se utilizando das arcaicas práticas do sindicalismo falido, somente
contribui para o esvaziamento da luta, para o descrédito das
instituições representativas e para o afastamento da massa dos
servidores que não sentem seus pleitos atendidos. Justamente
no momento em que se faz mais importante a união de forças e a
diversificação de estratégias para os enfrentamentos necessários.
Estamos
perdendo oportunidade de promover uma organização dos trabalhadores
que possa apontar na construção de um projeto político das classes
populares, na tomada dos poderes de decisão sobre nossas vidas e não
apenas em massa eleitoreira, que aposta num sistema falido de
representação que se auto-favorece sistematicamente.
Urge,
portanto, a construção de algo novo. Um movimento que preze pela
ética, pela radicalização da democracia nos processos decisórios,
pela transparência, pelo enfrentamento inteligente, pela ampliação
da representatividade. Precisamos nos afastar definitivamente dos
golpes que tanto criticamos, mas que insistimos em reproduzir
em nossas próprias instituições. Fujamos da demagogia, da
burocracia sindical, do encastelamento e da terceirização da luta
numa estrutura vertical e surda. Apelamos, portanto, ao bom senso
coletivo e a minuciosa análise do escrutínio das assembleias que
atenderam à convocatória da Ascema Nacional, para o retorno célere
aos trabalhos neste VIII Congresso, ensejando que questões de maior
relevância possam ser tratadas. Não podemos deixar que as
distâncias que nos separam sejam mais fortes que os laços que nos
unem. Até a vitória!
Rio de Janeiro, 15.8.2017.
Diretoria
Executiva
ASIBAMA/RJ
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