Os servidores do IBAMA lotados na
Superintendência da autarquia no estado do Rio de Janeiro e reunidos
em assembleia geral extraordinária em 29.3.2017 manifestaram
preocupação com os rumos tomados pela administração da casa, sob
a gestão do Superintendente, indicado politicamente, para o
exercício do cargo em 27.7.2016, Sr. Pedro Martins Castilho Júnior.
Chamamos atenção sobre a falta
de transparência relativa à divulgação da concorrida agenda de
compromissos públicos internos e externos do Superintendente, em
contraposição ao tímido engajamento nos encaminhamentos
necessários às ações técnicas e administrativas sob sua
responsabilidade, imprescindíveis ao bom funcionamento do órgão no
cumprimento de sua função institucional e ao bem-estar dos
servidores e terceirizados no exercício laboral.
O
Sr. Superintendente não tem cumprido os artigos 2° e 11° da Lei
12.813/2013 e a Portaria IBAMA N° 30, de 23.9.2016, que tornam
obrigatória a divulgação diária da agenda de compromissos
públicos na internet para os ocupantes do cargo de
Superintendente, código DAS 101.4. Além da necessidade de registro,
conforme determina o Decreto N° 4.334/02, as audiências de
interesse de particulares devem ser solicitadas ao agente público
por escrito, indicando-se o assunto a ser tratado, a data e a hora do
evento, a identificação do requerente e eventuais acompanhantes. O
Sr. Pedro Martins Castilho Júnior divulga em seu Facebook fotos de
reuniões ou eventos internos e externos na condição de
Superintendente do IBAMA, porém não constam informações tal qual
audiências de caráter oficial, ao passo que os encontros que ele
tem como agente público vêm ocorrendo sem a presença de pelo menos
um outro servidor, como determina o decreto supracitado.
Destacamos,
ainda, a omissão
desta Superintendência frente à
demissão tecnicamente infundada, em abril de 2017, de duas
secretárias terceirizadas que atuavam na Coordenação-Geral
de Petróleo e Gás, demissão
esta que trouxe enormes
prejuízos ao exercício do trabalho naquele
setor e reforçou o caráter injusto
da ação que partiu da
empresa responsável,
numa clara retaliação ao posicionamento das secretárias ao
solicitarem, de sua direção, explicações quanto ao atraso no
pagamento de salários. A
reunião na qual foi informada a decisão da empresa terceirizada
sobre a demissão das secretárias ocorreu sem presença de outro
servidor público, sem comunicação ao setor onde as secretárias
trabalhavam, e sequer um aviso às próprias funcionárias,
que foram pegas de surpresa com a chegada das pessoas que ocupariam
suas vagas.
Repudiamos,
ainda, as atitudes autocráticas tomadas pelo Sr. Pedro Martins
Castilho Júnior, ao sumariamente retirar cartazes que a ASIBAMA-RJ
colocou em áreas comuns do prédio do IBAMA para divulgar assuntos
de interesse dos trabalhadores, e por retirar, novamente sem qualquer
diálogo, a faixa afixada em apoio à Jornada Nacional de Lutas do
Dia Internacional da Mulher, concebido e elaborado por mulheres
trabalhadoras do IBAMA, conforme deliberação em assembleia.
Cumpre ressaltar o fato de que o
governo Temer vem aprofundando uma praxis clientelista ao
lotear os cargos de confiança nas autarquias federais para a
ampliação de sua base de apoio político, com vista à aprovação
de reformas que atacam os direitos dos trabalhadores. Tal prática,
aliada aos cortes orçamentários anunciados, torna-se ainda mais
preocupante quando a gestão de um órgão que exerce funções
típicas de Estado fica entregue a agentes desvinculados de qualquer
trajetória na área ambiental pública e que não se empenham na
adoção de estratégias de transparência dos atos administrativos
tomados nem o envolvimento ativo dos servidores públicos lotados na
casa para o compartilhamento e o subsídio às tomadas de decisão.
Em
diversas Superintendências têm
havido
denúncias contra indicados políticos para o cargo de
Superintendente,
que
o assumem sem
nenhuma
experiência de gestão na área ambiental.
No
caso dos Estados de Tocantins
e
da Bahia, os servidores
conseguiram que
se tornasse sem efeito
a nomeação dos
Superintendentes Luciolo
Cunha Gomes e
Neuvaldo
David Oliveira,
respectivamente, uma
vez que
os
ocupantes
eram
ou deveriam
ser réus
por crimes
ambientais.
Na Bahia, o nomeado tinha multa no IBAMA
e em Tocantins, o indicado havia
feito postagem
em rede social afirmando que estava comendo caititu, um animal
silvestre constante
da
lista de
animais ameaçados de extinção. Já
em
São Paulo, a deputada
cassada Vanessa Damo foi
afastada
da chefia da Superintendência por decisão judicial.
Nos
casos do Estado de São Paulo
e da Bahia,
o
Ministério Público Federal recomendou a
exoneração dos Superintendentes
dos cargos pelo Ministro do Meio Ambiente Sarney
Filho.
No
Espírito Santos os servidores também rechaçaram a nomeação de
Mário
Stella Cassa Louzada,
tendo-se
em vista que a
Superintendência nesse Estado sempre foi
ocupada por funcionário de carreira do órgão. Já no Rio Grande do
Norte o Superintendente Clécio
Antônio Ferreira dos Santos, também
nomeado politicamente, não somente é
réu em processos de improbidade
administrativa, enriquecimento ilícito e violação dos princípios
administrativos, como
é
acusado pelos servidores de
interferência em decisões técnicas dos analistas, como
cancelamento de autuações feitas
por fiscais da
Superintendência no Estado
e
uso particular do carro do IBAMA.
Os
servidores dos
órgãos
destas
Superintendências
acusam os nomeados políticos de uma série de irregularidades, desde
o
uso
de carro oficial para compromissos particulares, o
aparelhamento
político do órgão, o
desvio
de função de funcionários terceirizados,
a
realização
de reuniões com empresas interessadas em pareceres do órgão sem o
acompanhamento de servidores, o
desconhecimento
das atribuições técnicas e do funcionamento dos contratos
administrativos e até
mesmo o
não
comparecimento ou o
não cumprimento
do horário de trabalho sem qualquer divulgação de agenda externa.
Dessa
forma, repudiamos
as ações do atual governo e
de seu nomeado político na
Superintendência do IBAMA no Rio de Janeiro por ser mais um exemplo
de prática inadequada na gestão pública
e
comprometer,
ainda
mais,
a já ameaçada estrutura do órgão
com nomeações
políticas
de
pessoas sem
nenhuma qualificação na área ambiental ou atuação anterior no
IBAMA ou
outros
órgãos
ambientais.
Ressaltamos
que o
cargo de Superintendente do IBAMA é de extrema responsabilidade e
exige alto conhecimento técnico para a tomada de decisões. O
órgão é responsável por executar ações das Políticas Nacionais
de Meio Ambiente, relativas ao Licenciamento Ambiental, ao Controle
da Qualidade Ambiental, à Autorização de Uso dos Recursos Naturais
e à sua Fiscalização, além do Monitoramento e do
Controle
Ambiental. A
tal
cargo incumbe
a provisão da gestão ambiental para
milhões de cidadãos brasileiros e
torna-se temerário o seu exercício por pessoas indicadas para
cumprir a agenda de
compromissos políticos de
um governo cada vez mais ilegítimo.
ASIBAMA/RJ,
12
de Junho de 2017
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